sábado, 22 de outubro de 2011

Porto Alegre - Joinville: o retorno

O nosso último dia de viagem, em verdade, se inicia no dia anterior. Há alguns quilômetros antes de chegarmos a Porto Alegre, a Bea percebeu a perda de um dos parafusos fixadores da proteção de face de seu capacete.
Ao pararmos à beira da estrada, percebemos que o parafuso ainda estava no banco da moto, mas a arruela que mantém a estabilidade da articulação estava perdida.


Colocado o parafuso no local, apenas para não perdê-lo e garantir alguma estabilidade ao sistema, decidimos comprar um capacete novo em Porto Alegre. Argumento adicional à compra se baseava no fato de que a Bea, com alguma frequência, se queixava da pressão na face que a camada mais espessa de espuma impunha.
Assim, começamos o dia 21/10 à busca de um capacete. Localizei pelo Google a loja Mototech a alguns minutos do hotel. Na escolha de um capacete escamoteável, decidi também me dar um presente (o meu Nau já está velho e com alguns remendos). Saímos dali faceiros com os nossos novos cascos Zeus Touring 3000A GG6 (a Bea adorou não precisar usar mais os óculos escuros).

Mas com aquela função de esperar a loja abrir, escolher o capacete certo (aperta aqui, dói ali...), retornar ao hotel e sair,  foi-se "pro vinagre" o nosso planejamento de saída cedo. Já eram quase 11:00 horas quando chegamos à estrada para o nosso mais longo dia de viagem.
Pouco tempo de Freeway e eu já estava com saudade do meu bom e velho capacete que deixei na loja como doação para alguma ONG de proteção aos "Sem Capacetes". O capacete novo, que pesa 500 gramas a mais que o anterior, estava "pegando" na região próxima ao início da implantação do cabelo na testa (não, não sou careca).
O que era apenas uma pressão leve, passou a ser um atrito desconfortável e até uma dor desconcertante. À palpação parecia ser apenas pressão do isopor que estrutura a parte interna do casco. Aperta aqui, palpa alí, e nada. É duro ser cabeçudo, mas parecia ser apenas uma questão de mal adaptação ao molde, que tem limitada a distância antero-posterior. Afinal, este é um XL (tamanho 60-62), quando a minha cabeça (medida pela vendedora na loja) era 59.
Não teve jeito. Passei todo o resto da viagem literalmente brigando com o capacete e imaginando quem teria sido o modelo para a construção do seu molde. Certamente alguém com formato de cabeça bem peculiar...

Cheguei a ficar com uma escoriação na testa e um tremendo mau humor por causa desta aquisição. Não quis parar para desmontar a parte interna e arriscar fazendo consertos. Vai que dá alguma zebra pior...
Voltando à viagem: apesar de tudo, o dia estava lindo, com pouquíssimas nuvens no céu. Tendo saido com meio tanque de Porto Alegre, imaginei abastecer em qualquer ponto à frente na Freeway. Quando estava perto de chegar à reserva, segui as indicações do GPS e paramos em Santo Antonio da Patrulha. 
Por sugestão do frentista (é, um frentista de novo), seguimos até Osório pela estrada velha (RS-030), com a promessa de uma bela vista, não ter que pagar novo pedágio e ser trajeto mais curto (10 Km menos).
Com vistas à primeira promessa, logo percebemos que não havia vista especial alguma e, devido a estrada estar entulhada de interessados na segunda promessa, passamos a "engatinhar" na estrada, atrás de várias pequenas filas de carros que seguiam - sem poder ultrapassá-los - caminhões que trafegavam lentamente.


Mais uma vez admirei a liberdade do tráfego da Freeway, especialmente nos dolorosos trechos em que as duas estradas correm lado a lado. Nós ali presos nas filas dos "mãos de vaca" na estradinha tortuosa e logo ao lado os 110 Km/h de um monte de velozes perdulários... E, olhando no mapa acima, como pode ter 10 Km a menos?
Lição aprendida: use com reservas as sugestões de restaurantes ou percursos oferecidas por frentistas.
Com o retorno à BR-101 fomos reapresentados à estrada em péssimas condições, com excessão dos esparsos trechos já duplicados. A diferença agora é que eu já estava de mau humor, o que piorava com as lixadas do capacete no ferimento a cada irregularidade na pista e as rajadas de vento.
Com a parada para almoço em Araranguá, quando já pensava em comprar uma melancia gelada e lançar mão da solução abaixo, acho que consegui o melhor ajuste de posição do capacete.

Não era exatamente o uso mais correto, mas a posição com a face mais elevada possibilitou um resto de viagem satisfatório.
Ao chegarmos à região de Florianópolis, a visão de um mar "de verdade" trouxe a sensação de estarmos no quintal de casa (mais para playground, na verdade).
Mas seria pedir muito que não tivessemos nenhum outro contratempo nestes últimos 180 Km. Pouco antes de chegarmos ao trevo de Piçarras, alcançamos um longo engarrafamento. 
Tentando esquecer o quanto a Bea detesta a pilotagem através de corredores de carros e caminhões parados, segui a prática de todas as motos que chegavam ao local. Na maior parte do tempo, os carros e especialmente caminhões deixavam um espaço razoável para as motos. Assim pudemos reduzir o tempo de espera no equivalente a 2 Km de fila, até que a Bea teve um chilique, ameaçando descer da moto devido ao medo.
Nesta hora seria muito bem-vindo o intercomunicador chinês que comprei e não recebi. Teria evitado o único estresse conjugal durante todos os sete dias de viagem.
Como elas sempre têm razão, fui lá, comportadamente, posicionar a moto na fila e "curtir" um interminável anda-e-para que,  como quem já pilotou uma moto de quase 300 Kg e carregada sabe, faz um bem danado para braços, pernas e humor. 
Só me diverti pensando: e se eu tivesse respondido "Tudo bem, pode descer que eu sigo sozinho"? Naquele inferno?
Calma, senhoras leitoras, este pensamento só me passou de relance e me ajudou a tolerar o conflito...
Com o atraso adicional, percorremos os últimos 40 Km à noite. Foi este o único trecho de pilotagem no escuro em toda a viagem. Nada mal!
Nos últimos cinco quilômetros, percebendo o reflexo das luzes de Joinville nas nuvens, diminui a marcha e curtimos este finalzinho metro a metro.


Chegamos muito bem, embora cansados. Dormir na própria cama seria o sonho realizado.
Ao passarmos pela portaria do prédio, a surpresa.



Da próxima vez, no stress...
Ah, já corrigi as imperfeições do capacete. Nada que uma boa lâmina não pudesse resolver!




Fotos deste trecho? Nem lembrei da máquina fotográfica. Se ela ao menos me ajudasse a consertar o capacete...

Vou postar na página do projeto as informações técnicas da viagem inteira.
Valeu!!!

Um comentário:

  1. Ser inteligente tem suas desvantagem! eu tive este problema ao tentar comprar um Zeus quase me deixou careca! Nao comprei, e imagino seu sofrimento!!! Manu

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